Apaixonada por filosofia e psicologia, desde os meus tempos de secundário, mantive umas amigas que me foram acompanhando ao longo da vida. Se bem me lembro, tudo começou com “To be or to be, that’s the question” (Ser ou não ser, eis a questão), de William Shakespeare, mas seguiram-se muitas, umas mais queridas e presentes do que outras.
“Só sei que nada sei”
(Atribuída a Sócrates e relatada por Platão na sua “Apologia a Sócrates”) é uma das que me têm acompanhado sempre e, acho mesmo, uma das que melhor me definem e que mais me ajudaram a ser quem eu decidi que queria ser.
Sim, somos nós que decidimos quem queremos ser.
Clara Marques
Ao longo da minha vida, a liderar equipas de jovens, e menos jovens, jornalistas, tentei sempre passar algumas mensagens a todos e todas que as quiseram entender e aceitar e foram muitos, mas também estive disponível para aprender porque “só sei que nada sei”, e acreditem tem sido uma vida rica, mas não uma rica vida. Não tenho dúvidas que, em 33 anos de jornalismo e cerca de 18 lideranças de equipas diferentes, quem entre todos os que conheci, chefiei e/ou dirigi, teve a capacidade de ouvir e depois arriscar e errar, foi quem mais rapidamente cresceu porque, e Hemingway tinha razão,:
“O segredo da sabedoria, do poder e do conhecimento é a humildade“.
Na liderança profissional, como na vida pessoal, dizia e digo muitas vezes que o difícil não é o trabalho, são as pessoas. O complicado é gerir diariamente os imensos e diferentes egos, uns mais inchados do que outros, mas todos diferentes e, quando zangada, cansada e desgastada, também me apetecia mesmo ser mázinha, e mandar tudo e todos às urtigas, procurei sempre tê-la presente e não me afastar dela (da minha outra amiga secreta)
“Não faças aos outros o que não gostas que te façam a ti”
Não me dei nada mal na minha vida profissional e, até hoje, nem na pessoal. Estudei Engenharia do Ambiente, mas abracei o jornalismo e não foi fácil começar tudo de novo. Trabalhei nos dois maiores grupos editoriais deste país, cheguei ao topo da carreira muito rápido e acreditem que não tive ajudas, a não ser esforço, mérito reconhecido e capacidade. Fiz traduções, inquéritos de rua, entrevistas a pessoas super interessantes, de que me orgulho, durante apenas seis meses, findos os quais fui escolhida para chefe de redação, depois vieram os cargos de direcção, direcção editorial de várias publicações e por fim o de publisher, também de vários títulos. A coisa não correu mal. O que correu menos bem foi a crise económica dos últimos anos e o facto de alguns dos grandes grupos de mídia não terem acreditado que era possível partilhar o mercado do papel com o emergente digital. Preferiram, e continuam a optar por desistir!
Sem falsa modéstia, gostei do que fiz!
Quanto a estas minhas amigas, que a partir de agora deixaram de ser secretas, use-as se achar por bem.
Cuidado! Elas são muito exigentes, mas boas conselheiras.
"O segredo da sabedoria, do poder e do conhecimento é a humildade" Ernest Hemingway
"Só sei que nada sei" Sócrates
"Não faças aos outros o que não gostas que te façam a ti" Confúcio
Bjos de JdDamas